quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O perigo do trote.

Trote é um perigo. Quando inofensivas brincadeiras fogem ao controle e descambam para a violência são capazes de produzir danos irreversíveis, tanto a calouros quanto a veteranos. É aquela hora em que os mais “saidinhos” se aproveitam do momento de algazarra e euforia para ultrapassarem os limites da tolerância, hostilizando os próprios colegas.

Rituais de passagens são importantes no transcurso da vida de cada um de nós. Dão sentido lógico de que estamos evoluindo, crescendo enquanto seres humanos. Contudo, todo mecanismo social deve possuir regras de convivência com a qual faz com que a prática seja segura e saudável.

A irresponsabilidade e a necessidade de pertencer e ser aceito pelo grupo é inerente à personalidade do jovem. Junto a seus pares, o jovem sente-se mais fortalecido e animado a agir com mais desprendimento, permitindo-se ser mais arrojado, inconseqüente, propondo ações que são imediatamente aprovadas e encorajadas pela maioria.

Obviamente que a impetuosidade latente é própria da idade. É o momento da vida em que “ter atitude” é quase uma obrigação a quem deseja marcar território. Para tanto, deve-se impor-se sim: é legítimo. Não obstante, a briga por um espaço não deve ser feita de maneira desleal ou de forma a colocar em risco a integridade física, psicologia e moral do próximo.

Nesse sentido, o trote não gerenciado faz da balbúrdia ambiente propício para a formação de uma atmosfera onde o clima de animosidade se instala, sem controle e previsão de final feliz. Ainda que haja a relação liderança/subordinação, o evento é pautado pela inexistência de regras e de tribunais de apelação. Durante um trote, impera a lei do veterano mais assustador, ou seja, manda quem pode e obedece quem tem medo.

Trote é chave de cadeia. Sobra até para a direção da universidade. Seja na co-autoria das torturas e outras formas de violência, seja por omissão ou mesmo por inoperância do poder institucional. Noutra análise, trote pode ser a chave do sucesso. Como agente facilitador, atuando como parceiro dos alunos, a universidade pode coordenar e promover a festa dos calouros, para que tudo aconteça dentro de um cenário amistoso, inteligente e muito mais interessante.

Portanto, um trote responsável é viável. O aluno incorpora ao seu currículo a lembrança do dia producente que passou com amigos e a universidade agrega a sua imagem um valor imensurável de instituição responsável. Dessa forma, o único perigo para os alunos resume-se ao acidente de não passar de ano.

Um comentário:

  1. Sim, concordo que A IMPETUOSIDADE É LATENTE DA PRÓPRIA IDADE, mas ainda assim os limites e as medidas disciplinares devem ser aplicadas tanto pelas IES como pelos pais. Não criamos nossos filhos para servirem de piada aos olhos de crianças que se julgam veteranos. É importante que pais monitorem (sem exageros é claro) o comportamento acadêmico dos filhos e para evitar que amanhã ele venha a machucar e até matar um colega de curso.

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