segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pais e filhas

Logo no início do seu primeiro discurso feito após ser declarada eleita presidenta do Brasil, Dilma Rousseff faz uma espécie de apelo aos pais de brasileiras. Ela disse: “Eu gostaria muito que os pais e as mães das meninas pudessem olhar hoje nos olhos delas e dizer: sim, a mulher pode!”. A fala de Dilma nos remete ao pensamento de que ela se coloca como exemplo de determinação, de coragem e esperança a ser seguido por todas as mulheres que batalham por um espaço historicamente dominado pelos homens. Mais do que isso, com uma mulher na presidência, passamos a acreditar que o governo passará a dar maior prioridade à promoção de questões femininas, como cuidar da saúde de gestantes, orientar sobre o planejamento familiar, apoiar vítimas de violência sexual e, sobretudo, criar maiores oportunidades às mulheres no mercado de trabalho.

São prenúncios de uma nova Era para elas, sobre os quais as feministas de plantão não deveriam usá-los como bandeiras na guerra dos sexos contra a opressão machista. Acredito e torço para que a posição de mãe continue sendo ocupada exclusivamente por uma mulher; e a do pai por um homem. Assim entendo que alguns postos devam ser preservados, sobretudo aqueles cujo vigor inerente ao corpo masculino é importante, bem como naqueles onde a alma feminina se faz predominantemente necessária.

Numa nação que se diz democrata e numa sociedade que se quer moderna, o perfil profissional de cada posto de trabalho se define com o processo da livre concorrência. Parafraseando Darwin, a seleção natural se dará através do respeito ao direito de cada um a ter uma chance de demonstrar sua capacidade, em idênticas condições, sem qualquer tipo de favorecimento, independentemente da raça, credo, sexo e orientação (preferência) política e sexual.

Durante o discurso, uma rara demonstração de sensibilidade feminina se manifestou em Dilma, ao se referir ao seu pai político, Luís Inácio Lula da Silva, como o grande incentivador e merecedor de toda a gratidão pela vitória nas urnas. A mãe do PAC, como foi estrategicamente batizada em campanha pelo presidente, tornou-se a mãe de todos nós, brasileiros e brasileiras – pelo menos nos próximos quatro anos. Resta-nos saber se pai e filha, criador e criatura, irão fazer (juntos) um bom governo. Certamente Lula já olhou nos olhos da filha e disse: Dilma, você pode!