segunda-feira, 21 de abril de 2008

Larry v4.1

A impressão que eu tenho é de ter me formatado. Assim, como a gente faz com um computador. Apaguei todos os arquivos no sábado (12/4) com o enfarto do miocárdio, e, após 7 dias de internação, catéteres e a angioplastia, começo a reinstalar o meu sistema operacional.

Na verdade, fiz um upgrade. Instalei um “stent”, que é uma pecinha tubular introduzida na coronária desobstruindo o vaso. Agora eu sou uma versão atualizada de mim mesmo.

No momento, estou recuperando o meu backup. Já instalei alguns programas, passei o antivírus e deletei um porção de arquivos temporários e aqueles lixos armazenados no HD que não servem para nada, como mágoas.doc, ressentimentos.pdf, inveja.jpg, ambição.xls, intrigas.ppt, angústias.fla, medos.txt e etc.zip.

Graças a Deus, foi somente uma reinicialização.


COMO FOI - Em todas as manhãs de todos os sábados de todos os anos, todos os peladeiros de todo Bloco G, da 211 Norte, jogam um futsal na quadra da Escola Classe da quadra.

No dia 12 de abril, estava meio sem pique para jogar bola. Estava pensando em dar uma volta de carro, naquela manhã ensolarada. Mudei de idéia, fui para o sacrifício.

Durante as partidas, já me sentia cansado à toa. Pedia sempre para ir para o gol. Até então, atribuía o cansaço a trégua das minhas corridas semanais, pois havia realizado o Teste de Aptidão Física da Aeronáutica, no dia 4 de abril, quando percorri 2.400m, em 12 minutos, sem qualquer problema.

Quando a pelada terminou e o coração desacelerou, comecei a sentir uma queimação no centro do peito, como uma forte gastrite.

No final de todas as manhãs de todos os sábados de todos os anos, todos os peladeiros de todo Bloco G, da 211 Norte, após todo jogo, bebem todas as cervejas o tempo todo ao longo do resto do dia todo, debaixo do prédio. Neste dia não. Subi para o meu apartamento, sentindo muita ardência no peito.

Deitei sobre o chão da sala e gemi sozinho, pois havia ninguém em casa. Estava achando que a lasanha da noite anterior ainda estava quente. Tomei um sal de frutas e deitei na cama. Fiquei assim por alguns minutos, antes de desconfiar que poderia ser alguma coisa mais grave do que uma inofensiva azia. Nessa hora, a minha garganta também doía.

Tomei um banho rápido, outro sal de frutas. Minhas mandíbulas começaram a ficar enrijecidas, como uma câimbra.

Depois de uns 10 minutos, caiu a ficha: eu estava muito mal!

Interfonei para o meu vizinho, que me conduziu até o hospital, onde se constatou o enfarto.

Não fumo, não cheiro, só minto um pouco, dizia o Tim. Mas, segundo os médicos, o meu caso pode ter origem congênita, pois meus pais e alguns tios também tiveram problemas cardiovasculares. Isso também acontece com fumantes, hipertensos e obesos (colesterol alto).

Então, se liga.