sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sob a influência do bem

Outro dia conversava com um amigo sobre forças ocultas que atuam nas pessoas. Para ele, que é um perspicaz contextador, nós vivemos influenciados pelo mal, onde a “coisa ruim” trabalha o tempo todo fazendo a cabeça das pessoas. Virei para ele e perguntei se não seria justamente o contrário. Propus a ele que encarasse a situação de outra forma: ou seja, pensar na possibilidade de o homem estar vivendo sob a influência do bem.

Concordamos com a tese de que o homem é perverso por natureza, tem vocação para fazer o mal. E se não fosse a influência do bem, viveríamos o mal permanente, e provavelmente nem humanidade haveria no planeta. Dizia a ele que esse negócio de mal era uma forma dos dogmáticos de plantão, como Igrejas e afins, que passam o tempo todo introjectando factóides na cabeça do povo, com o único objetivo dominá-lo. Vimos isso a todo instante. A última foi o Pastor Terry Jones pedir a seus trinta e poucos discípulos que queimassem o Alcorão no dia 11 de setembro, num polêmico protesto contra a construção de uma mesquita muçulmana ao lado do Marco Zero, em NY.

Essa dominação sobre os seguidores é bastante elucidativa na educação dos filhos. Quando o pai ou a mãe diz para o filho, não vai para a rua que o “homem do saco” vai passar e te pegar. Não vai lá que o “bicho papão vai te comer”. Essa coisa de botar medo, de supervalorizar o poder do mal não é de hoje, sempre foi feito com o motivo de impor os limites a quem não se quer perder o controle.

O homem é perverso por natureza. A tese do homem do saco é bastante viável, ainda mais hoje em dia. Mas o discurso manipulatório de que o mal reina é um artifício tão óbvio como a dos pais; e só quem é criança não consegue ver. Em vez de pensarmos somente no mal, a humanidade precisa enxergar o quanto o bem faz bem. Ele salva, ele cura, ele liberta, ele supera, ele corrige, ele lhe equipa de coragem necessária para enfrentar todo e qualquer mal.