segunda-feira, 9 de junho de 2008

África multicultural

O proeminente romancista João Ubaldo, em entrevista na TV, disse que sentia urticária quando ouvia alguém nominar a riqueza étnico-cultural do terceiro maior continente do mundo de Cultura Africana. Para ele, não considerar as peculiaridades intrínsecas em cada um dos 53 países e atribuir à cor da pele como determinador de unidade consiste na incapacidade de enxergar diferenças entre povos além das características fisiológicas.

Segundo o escritor, quando se trata do Velho Mundo, onde quase todos são de origem branca, não se ouve falar em Cultura Européia, mas sim em Cultura Italiana, Cultura Espanhola, Cultura Alemã etc. Todas com muita força e presença nos quatro cantos do mundo. Até mesmo a América Central e Latina há um bom multiculturalismo, do tipo exportação. Quem nunca ouviu falar no sombreiro mexicano, na dança caribenha, no futebol brasileiro, nos monumentos e esculturas incas, maias, astecas e no tango argentino?

Os orientais, em menor escala, também sofrem, como os africanos, convencionalismos dessa ordem. Para nós, ignorantes, quem nasce por lá, nos países dos olhos puxadinhos, são todos “japa”, “japinha” e “amarelos”. Não sabemos distinguir coreanos, chineses e japoneses, tamanha semelhança. O mesmo efeito ocorre quando denominamos “marcianos” – os habitantes do planeta Marte – a todos os extraterrestres do universo.

Os mais de 900 milhões de habitantes do continente desconhecido (ou seria ignorado?) são formados por quase todos afro-negros; e não por angolanos, sul-africanos, quenianos, senegaleses, egípcios e nigerianos, argelinos, líbios etc. E o curioso é que muito deles foram colonizados por países europeus, dos quais herdaram aspectos culturais, adaptaram-nos a ambientes geopolíticos próprios, e cultivam as tradições que os caracterizam como são.

Contudo, no continente africano emana a cultura do obscurantismo. Nas escolas, a matéria não foi ensinada com recurso pedagógico suficiente para entendermos como se deu o processo de colonização daquela região. Muito aprendemos sobre a expansão européia, o mercantilismo, a colonização americana e as duas grandes guerras mundiais, mas pouco ou nada sabemos a respeito de como se formaram as nações africanas, suas lutas e suas glórias.

No entanto, se por um lado a cultura dos países é pouco difundida, por outro é instigante e desafiadora, a ponto de suscitar um potencial histórico-artístico a ser explorado pelos meios de comunicação de massa. A nós, ocidental provinciano, cabe-nos lançar um olhar, se não tão genial como do escritor baiano, pelo menos mais interessado e menos discriminatório, sobre o continente africano.

2 comentários:

  1. Larry, concordo contigo, pois assim ocorria comigo. Mas, hoje, digo que conheço melhor este continente graças a internet e a filmes que mostram, atualmente, a vida deles. Mas ainda nos é desconhecida suas origens . Assisti,dias atrás, o filme sobre Id Amin, O Último rei da Escócia e realmente é um tema bastante interessante. Parabéns pelo Blog, Aloísio Mendes.

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  2. Você conseguiu despertar o meu interesse e minha curiosidade pelo Continente Africano, quero saber mais sobre a sua história. Abraços, Alessandra

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